Vivemos em um tempo em que os ruídos são constantes. São notificações que apitam sem parar, opiniões sendo jogadas a todo momento nas redes sociais, cobranças por sucesso e realizações antes dos 30, além de uma pressa generalizada que nos impede de parar e escutar o que realmente importa. Em meio a tudo isso, muitos jovens sentem um vazio silencioso, uma inquietação no fundo da alma, como se algo estivesse faltando — e é justamente nesse espaço interno que Deus costuma sussurrar. Mas... como ouvir a voz de Deus em meio a tanto barulho?
Falar de vocação na juventude é, antes de tudo, lembrar que Deus continua chamando. Vocação não se limita a ser padre ou freira — ela é, antes de mais nada, um chamado ao amor, à santidade, à missão única que cada pessoa tem no mundo. Todos nós somos chamados por Deus a viver com sentido, e esse chamado se revela na medida em que nos dispomos a escutar. O problema é que, hoje, escutar se tornou quase um desafio espiritual. O coração jovem, tão cheio de sonhos e potencial, às vezes se vê sufocado por pressões externas que confundem e atrapalham esse processo.
A verdade é que muitos jovens não escutam Deus porque nunca aprenderam a fazer silêncio. Silêncio não apenas de som, mas de distrações, de medos, de expectativas alheias. Deus fala no íntimo do coração, e esse lugar interior precisa ser cuidado. Só quando desaceleramos, desligamos um pouco do mundo e nos voltamos para dentro — em oração, reflexão, escuta da Palavra — é que começamos a perceber os sinais que Ele nos dá. Deus não grita; Ele respeita nosso tempo e liberdade, mas jamais deixa de chamar.
Discernir a vocação, portanto, é mais do que descobrir “o que fazer da vida”. É descobrir para quem viver e como se entregar. É uma caminhada. Às vezes começa com uma simples inquietação, um desejo de fazer o bem, de servir, de amar mais profundamente. Outras vezes, nasce de uma experiência forte com Deus, em um retiro, em uma conversa, ou até no silêncio do próprio quarto. O importante é entender que a vocação não é algo que se “acha” pronto, mas algo que se revela aos poucos, à medida que o jovem vai se abrindo, buscando, perguntando com sinceridade: "Senhor, o que queres de mim?"
Mesmo em meio ao barulho do mundo, Deus continua chamando. Ele continua olhando para cada jovem com amor e dizendo: “Segue-me”. A resposta a esse chamado pode dar medo — afinal, exige entrega, fé e coragem. Mas é justamente aí que está a chave da verdadeira felicidade: viver a vida não como um acúmulo de conquistas vazias, mas como uma resposta generosa ao amor de Deus. O mundo pode oferecer muitos caminhos, mas só a vocação nos dá a paz de quem sabe que está exatamente onde deveria estar.
Jovem, não tenha medo de fazer silêncio, de rezar com o coração aberto, de buscar direção espiritual, de perguntar e de esperar a resposta. Pode acreditar: Deus ainda fala. E se você escutar, vai descobrir que sua vocação é mais do que um destino — é uma missão que transforma o mundo e, principalmente, transforma você.